Tortura


Queime meus órgãos internos com ácido
Queime o plástico
Eu sou o seu vírus mascarado, retorcido
Como as tripas de vidro, silício
Arame farpado, suco gástrico
Exploda meu crânio à marteladas de amor
Espalhe meu cérebro pelo azulejo
Arranque todos os meus dentes com alicate
Eu sou um anjo esfarrapado, eu cuspo sangue
Areias que machucam o dedo,
e fazem a pele coçar
Coce, coce, coce a ferida, até ela abrir e sangrar
Arranque cada pena, cada pele, me deixe nua
Exposta e frágil, como um banquete (pros abutres - sempre eles)
Me abra e me desvende por dentro
Me remova com uma faca, um estilete e me modele
Não passo de uma carapaça de carne e ossos
Não passo de um molde de borracha
Que se queima, parte, ferve... Borbulha
Estale as vértebras - estale as vértebras
Arranque meus olhos com uma colher
E mastigue-os até eles te sentirem
Mais do que eu nunca sinto
Mais do que eu sempre minto
O grito continua incessante no meu ouvido
A pressão do grande vazio - a angústia
O que você quer? O que você quer com isso?
Tortuira

Nenhum comentário: