Solitude

É nessas horas que me sinto sozinha.
Como se houvesse todo mundo ao redor, mas ao mesmo tempo ninguém.
É como se eu não pudesse confiar em ninguém, pelo menos não pra poder me tirar daqui... Desse vazio.
Todas as pessoas a quem eu recorri, são todas as pessoas que soltaram a minha mão quando precisei.
Todas egoístas, todas nem aí... Nenhuma delas de fato se preocupava ou se importava.
E mais uma vez me vejo nisso...
Eu me lembro sempre de todas as pessoas que me chamaram de fria há anos atrás.
Me lembro das que me viram por dentro. Viram o quão não fria eu sou. O quão quente eu sou por dentro.
O quanto as coisas me afetam e me quebram todinha.
Talvez por isso eu aja assim.
Talvez por isso tantas lágrimas, tantas dores e tanta, tamanha, imensa solidão.
É como se eu só pudesse fazer isso... Me trancar sozinha no meu próprio mundo, nos meus próprios pensamentos, com minhas músicas e jogos, e simplesmente me sentir como se eu continuasse aqui...
Dentro da minha cabeça sem uma alma viva.
E as lembranças continuam martelando uma após a outra.
Não é como se de fato eu soubesse simplesmente superar isso de uma vez e sair andando, como todo mundo parece fazer.
Será que todos eles fingem também?
Será que todos eles martelam essas coisas na cabeça também?
Ou será apenas egoísmo meu...?
Eu não posso nem mesmo me abrir. Nem mesmo dizer o que eu penso. Até os possíveis lugares onde isso deveria ser totalmente permitido... Não parece ser de fato.
E mais uma vez eu me isolo.
Eu sou essa figura por fora... Essa coisa desforme que nem eu mesma sei como é.
Às vezes alguém sorridente, cheia de piadas e sarcasmos, sempre rindo e falando alto, sempre rodeada de pessoas e chamando atenção.
Às vezes eu sou simplesmente explosiva, decidida, firme, direta, irritadiça e muito, extremamente, absolutamente, sincera. Quase inconsequente com isso.
Mas no fundo, no fundo... Eu sou aquela coisa fria, vazia, sozinha e deprimida, com os pensamentos ruins corroendo e me mostrando o que é a vida real. O que é que eu devo fazer? Simplesmente engolir, como os outros fazem. E o que é que eu faço?
Estou aqui novamente. Essa é a minha arte. Expressar em palavras toda essa merda corroindo por dentro.
Não é como se fosse proibido, mesmo que não seja bem visto.
Mas também não é como se fosse fácil.

- - -

Elas tem com quem conversar.
Elas se consolam, se aconselham e se entendem.
Elas podem brigar, mas parecem felizes juntas.

Eles tem brigas também.
Mas sempre continuam com essa faixada... A faixada do "Podemos terminar a qualquer hora".
Mas no final das contas, continuam com a do "Nos amamos profundamente pra sempre".

Ele sempre vem aqui e diz coisas as quais eu não quero ouvir.
Coisas as quais eu estou cansada de ouvir, sobre coisas e pessoas que não deveriam importar.

Eles não se importam.
Fingem que se importam, mas... É como se fosse um jogo.
O jogo da vida real, o jogo de sorrir e se importar.

Ela está sempre por perto.
É como se ela quisesse parecer se importar.
E me arrisco dizer que ela é temerosa por motivos próprios.

Ela deveria estar mais próxima.
Mas agora seu discurso é apenas um bando de julgamentos inúteis.
E ela continua ouvindo mais aos outros do que a quem ela deveria ouvir de fato.

Eles pareciam que se importavam.
Mas o tempo foi mostrando a ela que não era bem assim que as coisas aconteciam no mundo real.
E agora, nenhum deles está aqui. Em momento nenhum, simplesmente.

Ele continua dando pérolas aos porcos.
E assim, continua alimentando sua própria comiseração.
Enquanto isso, ignora quem de fato se importa. Será que ele se importa também?

E ele? Ele que sempre está sumido.
Sempre está lá pra todos, menos pra ela.
Ele continua a pensar que aquela garotinha nunca servira pra nada.
Ele continua a pensar que ela nunca vai mudar.
Ele não conhece nem mesmo a data de aniversário dela...
Quanto mais quem realmente ela é.

Todos nós temos problemas.
Somos todos robozinhos mentirosos, egoístas e controlados.
A vida é um jogo de brincadeiras imbecis.
Todos nós andamos em frente, todos morrendo, outros matando...
É simplesmente assim.
Ninguém tem coragem. Ninguém toma atitude, ninguém muda...

Me sinto deprimida de novo.

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