Agulhas de Pontas Afiadas

*Pelúcia*


Onde estava esse vazio?
Ele volta quando o ócio permanece
Preciso ocupar minha mente...
Onde estão os meus amigos?
Estão todos desaparecidos
Assim como a minha alegria do dia
Onde está a inspiração?
Ela se escondeu pelos cantos
Atrás de buracos de roedores

Preciso de um preenchimento
Preencha-me com algodão
Sou de pelúcia
Não tenho um coração

Onde está a inspiração?
Ela foi pra onde o vento faz curva
Ela foi e levou a minha confiança
Onde estava esse vazio?
Ele me devora como se eu fosse nada
E me preenche com o vácuo do existir
Onde estão os meus amigos?
Eles parecem não existir
E ninguém ao menos faz questão de...

Preciso de um preenchimento
Preencha-me com algodão
Sou de pelúcia
Não tenho um coração

Abra-me com a tesoura
E me costure com a agulha
Me preencha de receios
E um pouco de vísceras também
Eu odeio essa apatia
Eu tenho escárnio dessa empatia
Eu não quero mais fingir, fugir
Também não quero mais correr

Preciso de um preenchimento
Preencha-me com algodão
Sou de pelúcia
Não tenho um coração

- - -

*Pedestal Partido em Pedaços*


Não espere tanto de mim.
Eu nunca espero nada de você.
A dúvida cruel de todas as dúvidas.
Por que ainda estou aqui?

Não tente me entender.
Porque eu nunca tento entender você.
A questão pior que todas as questões.
Por que ainda estou aqui?

Eu sou tão infantil.
Eu estou tão cansada...
Cansada de mim mesma,
e da minha vida tediosa.
Tudo o que eu espero
É exatamente tudo o que eu tenho.
E tudo o que eu quero,
Eu abstenho.

Não precisa querer me ouvir.
Eu realmente não quero ouvir você.
A pergunta que não quer calar é...
Por que é que eu continuo aqui?

Podemos conversar e falar
E discutir e jogar o papo fora, ainda sim
Não há sentido em tudo nisso
Por isso que eu não entendo ainda...

Por algum motivo subliminar
Incompreensivo pra minha mente diminuta
Eu descobri que você conseguia ser
Imprevisível como nenhuma das outras pessoas
Nenhuma das outras pessoas era tão diferente
E quando você disse aquilo, foi como se...
Você chutasse o meu calo com força, e com vontade
Todos seus ataques eram propositais
Todas minhas feridas foram reais
Mas eu finjo melhor que ninguém

Eu finjo que me importo
Eu finjo que eu ouço
Finjo que entendo
Eu finjo que me afeto
Eu finjo que compreendo
Seus problemas e sua vida
E eu finjo que apóio
Finjo que gosto de você
Mas não gosto
Porque eu gosto
E eu não gosto
Do que eu gosto
É...

Eu sou tão infantil.
Eu estou tão cansada...
Cansada de mim mesma,
e da minha vida tediosa.
Tudo o que eu espero
É exatamente tudo o que eu tenho.
E tudo o que eu quero,
Eu abstenho.

Um pedestal partido em pedaços
Cheio de peças falsas
Que nunca se encaixaram
Que não se encaixam...

- - -

*Pecado Cometido*



A faca está suja de novo
Mas eu não quero te culpar pelo pecado
Pecado
Pecado cometido

Suas serras estão gastas
Não há mais como afiar na carne
Pecado
Pecado cometido

E quantas vezes mais eu me afundo
Mais quero me afundar
E quanto mais eu estou manchada
Mais quero me manchar

Não há, não há um significado bonito
Não há, não há um motivo nobre pra isso
Não há, não há nem mesmo um motivo
É apenas mais um pecado escondido

As pessoas estão tão falhas agora
E eu não me importo com o que todas elas pensam (querem)
Pecado
Pecado cometido

Pecado cumprido

- - -


*Pecado Com 4 Letras*


você é a promessa que ainda não foi feita
você é a resposta de pergunta desnecessária
se fossemos todos feitos de vidro, você seria feita de falhas

me ajude entender
porque eu me importo tanto assim com você
quando você não quer saber
o que está acontecendo (comigo)
e todas as portas
em que você procurar encontrar e bater
ninguém vai atender
porque todos vão estar escondidos

eu quero errar
quero pecar
quero mentir
quero falhar com você
e eu quero tentar
quero pecar
quero ferir
quero errar com você

você não tem margem de erros
você é uma questão sem solução
o zero absoluto
o intransponível
me dê uma resposa, você é esse pesadelo
e você declina montanhas abaixo
enquanto repousa
nas asas do anjo

vadia...
sem solução alguma...
meço suas palavras sem conseguir ouvir poesia
monstro de nove cabeças
você é um fardo, e uma pedra no caminho
e eu amo você
e eu amo você
e eu amo você
...

- - -

*Paroxítona*


a tristeza é ainda parabólica
a antena é ainda paranóica
o andróide é ainda paranóico
o dinossauro ainda é paleozóico

queime o plástico
ácido sulfúrico

a tristeza é ainda paranóica
a antena é ainda parabólica
o andróide é ainda paranóico

paroxítona
paroxítona...
hífen
paroxítona

a tristeza é ainda paranóica
a antena é ainda parabólica
o andróide é ainda paranóico
o dinossauro ainda é paleozóico

você tem medo de mim
ninguém tem medo de mim
ninguém me ama

a tristeza ainda é um remédio
a antena ainda é você
o andróide ainda está nos meus sonhos
o dinossauro ainda é de comer
comer...


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