Vazio Plástico

Tudo é um saco. Tudo é um tremendo saco imenso. Eu me canso de tudo e de todos, me canso de fazer as mesmas coisas que faço. Talvez eu realmente precise ocupar o meu tempo com alguma coisa útil. Talvez seja melhor não pensar. Alimentamos isso... As drogas, os filmes, os livros, os vídeo-games, os empregos, os estudos... No final das contas, tudo só serve pra você gastar seu tempo sem pensar. Porque quando se pensa, adoece. Fico imaginando o quão loucos eram os sábios e filósofos, porque eles se forçavam a pensar e a ter o tempo livre pra isso, isso devia entortar a cabeça deles. O homem moderno não é assim. Bem, a maioria dos antigos também não eram, mas... Cada vez mais há mecanismos para isso: Para poupar sua mente desse fardo de pensar na vida, nas coisas... E quanto mais tempo, mais cansaço mental. Estou cansada, escassa, desgastada, desgostosa... Tudo é um saco, tudo já me encheu. Não jogo mais esses jogos, não leio mais esses livros, não assisto mais esses desenhos e essas séries, nem gosto mais de ter essas mesmas conversas com essas mesmas pessoas, queria sair, mas tudo na vida precisa de dinheiro. E eu consigo dar tão pouco valor ao meu que ele se desgasta de uma maneira que nunca parece proveitoso. Antes, eu o dava todo para a faculdade, agora, o dou todo para aliviar dívidas. Dívidas essas que são feitas, quase todas, em prol dos outros. E até mesmo quando são feitas para mim, não vejo necessidade delas. É um desgaste dos que têm. É a coisa mais fútil e mesquinha que existe, eu sei. Mas somos todos vazios, preenchidos por tédio absoluto e total desânimo para com nós próprios e nossa vida. Somos desnecessários. Eu me sinto assim, desnecessária... As coisas que eu sabia fazer, nenhuma delas parece boa o bastante agora, e as que pareciam, não consigo mais fazer. Não tenho coragem, mal tenho atitude... Tento me focar nas soluções, e não nos problemas. Tento tomar uma decisão, mas me falta atitude. Não tenho auto-confiança, não sei o que vai dar certo. Consigo imaginar uma vida simples a qual eu conseguiria viver, mas... Ela me parece tão distante. Questão de anos... E eu não quero muito. Vejo gente que conseguiu o que eu queria, e que ainda sim, não se sente satisfeita e continua lutando por mais. Sinto inveja de quem vive com nada. Quem se agrada por pouco. Eu não quero mais ficar precisando de coisas inúteis. Queria alimentar minha criatividade, minha imaginação, minhas habilidades mentais... Mas não consigo mais. Todo esse vazio plástico tomou conta dos meus ossos, e eu fico alimentando a inveja do platonismo exagerado por coisas que nunca vou ter. Somos todos assim. A sociedade nos faz assim. É doentio. Estou cansada dessa merda toda. Tudo é um saco. E eu não consigo fazer mais nada. Fim.

3 comentários:

Unknown disse...

Será o fim ? Acho que estamos caminhando pra algo melhor, só precisamos é meio que organizar nossas prioridades, se é que isso é possível, mas eu te entendo. Ando meio blé com as coisas, com as pessoas. Seja lá mais por quem for, eu não sei o que é, mas eu ando cansado de sentir isso, de estar parado. É aquela coisa, quando começam a não acreditar na gente tudo bem, o problema é quando a gente não acredita . Mas isso vai mudar, pode ter certeza, irei estar aqui pra te apoiar, isso se tu quiser *-*

AArK Cianwood disse...

Acho que vc entende o que eu quero dizer e como me sinto. E vou dizer, é reconfortante que alguém entenda. Ficam o tempo todo tentando me dizer para não pensar nisso, não é engraçado? Eles acham que isso faz melhorar as coisas, não pensar nos problemas. "Ah! Tente ter um pensamento positivo sobre isso!", não entendem que pensar sobre algo positivo, quando o problema é algo negativo, é não pensar no problema. Por isso tento me manter nas soluções, é mais racional, mais aceitável. Ainda sim, não é fácil se sentir assim. Sim, aceito sua ajuda, também acho que devemos nos organizar e ver o que é prioridade para nós... As coisas mudam rápido, eu gosto de mudanças, mas por dentro... Eu continuo assim. Obrigada por ser meu amigo, sempre.

Unknown disse...

Não precisar agradecer por minha amizade, que já se tornou cumplicidade.