Vinganza


História nova minha. One-shot. Contém violência. Eu que escrevi, não copie, crie a sua própria.

Eu estava lá parado, sentado, olhando aquela cena acontecer.

Era o pior dia da minha vida, com certeza. Aquelas imagens repetidas nunca mais sairiam da minha cabeça nos anos que viriam até... A minha morte.

Sangue, gritos, dor, tripas... Tudo seria mais um telejornal anunciando uma catástrofe, ou talvez, um vídeo idiota bizarro na internet, mas... Não era. Porque acontecia logo ali na minha frente... Com a pessoa a quem eu mais amava.

Eles a violentaram e depois deceparam sua cabeça. Simples, “limpo” e rápido.

Um se virou, me encarou, sorriu e então, partiu. E eu fiquei ali. Meu corpo era puro sangue, um sangue que não era meu e que não fora eu quem retirei. A espada deles jazia no chão putrefata também. Solitária como eu.

Não é uma arma que comete um crime. É uma pessoa. Todos sabem disso, mas fingem não saber. Aquela espada não tinha culpa do crime que cometeram com ela. E ela estava lá agora, a lâmina, jazida ao lado do corpo sem vida ou do que restara dele, como se me pedisse perdão, desolada como eu.

E então, eu me levantei e a segurei pelo cabo, arrancando-a do chão ou de onde ela estivesse presa. Eu a ergui até a altura dos meus olhos. E eu não poderia ver naquela hora, pois não havia nenhum espelho a minha volta. E também não havia nenhuma pessoa que pudesse presenciar este momento. A questão era... Eles estavam vazios. Vazios, mortos, mórbios, cálidos, não havia nada... Nada vivo neles. Nenhum tipo de alegria, esperança, nem mesmo havia mais dor... Não havia nada. E se o nada fosse algo que existisse, ele também não haveria.

Era como se minha alma tivesse sido arrancada à força pela minha boca pra fora do meu corpo, pra nunca mais retornar.

Com a parte interna da minha blusa, não tão encharcada como a parte de fora, eu tirei o sangue da espada, e então, um sorriso louco surgiu em minha face.

Eu mataria todos eles e me banharia com seu sangue como fizeram com ela à mim.

Seria o meu presente...

Pra sempre.

- - -

Era meia-noite. Apenas um lugar na cidade permanecia aberto, aquele mesmo bar onde os piores figurões da cidade sempre frequentavam. Desde prostitutas de elite até mafiosos, e quem se importava? Pessoas normais não passavam nem mesmo na porta daquele lugar. Mas eu não era uma pessoa normal, então... Entrei.

Trajava um sobretudo negro, por debaixo dele, apenas uma camisa branca (porém, suja de sangue seco), uma calça preta e botas.

Sentei-me na frente do balcão, e então, o barman me perguntou:

- Vai beber o que?

Respondi:

- Um chopp, por favor. – E então, aguardei.

Todos me olhavam com uma cara não muito amigável, inclusive o próprio barman, mas ignorei. Era como se não sentisse nada mesmo, não me incomodava com mais nada. Apenas... Apenas com aquele cara, sentado ao fundo, ele até então jogava poker com outro, mas quando adentrei, ele ignorou mais o jogo e passou a prestar atenção em mim. Em seu olho esquerdo havia uma enorme cicatriz. E eu...

Nunca poderia me esquecer disso.

A enorme caneca de vidro chegou e eu beberiquei dela, sem problemas aparentes. E então, de repente, como que num passe de mágica, um bilhete surgia ao meu lado. Não deu pra reparar direito em quem o depositou ali, mas foi totalmente proposital.

O peguei e abri.

“Me encontre daqui a meia hora no beco ao lado do bar” foi a única coisa que pude ler naquele bilhete. E então, o amassei e o joguei no lixo, beberiquei mais uma vez o chopp e ali fiz hora.

Mais tarde...

Eu estava de pé, com as mãos nos bolsos, ao lado de uma lata de lixo. E então, o figurão apareceu... Ao seu lado, outras duas pessoas. Se eu esperava reforços? Claro que sim. Não era novidade alguma pra mim.

- Está mexendo com as pessoas erradas, sabia? – Disse ele, sorrindo confiante. Mas eu não disse nada de volta.

- Ei, está ouvindo ou está surdo!? – Disse o outro, ficando impaciente.

Eu continuava em silêncio, apenas encarando-os. E então, o terceiro tomou a dianteira:

- Ah! Não vai falar não!? Então, vai morrer logo! – Ele sibilou tirar a arma da calça, assim como os outros, mas...

Foi como se eu tivesse sido tocado pelo diabo.

Rapidamente, eu retirei a espada de dentro do sobretudo, e com movimentos perfeitos e incrivelmente ágeis, escapei dos primeiros tiros do terceiro cara, e então, o cortei ao meio na horizontal. Logo depois, o outro atirou perfeitamente na minha cabeça, mas como já foi dito, algo sobrenatural tomava conta de mim. Minha cabeça deu um giro esquisito e surreal, enquanto meu corpo se movia de maneira contrária, e o tiro não tirou mais que um fio do meu cabelo negro. E a espada? Pegou em diagonal em seu corpo, fatiando-o como um presunto fresco. O último ficou tão horrorizado que seu dedo não puxou o gatilho. Era sangue explodindo pra todo lado, manchando as paredes, o chão, eu, ele, a porra toda. E então, ele tentou... Apontou a arma pra mim, sua mão tremia.

- Você é um covarde. – Eu disse, sorrindo. Sabia que ele não ia atirar, estava escrito nos olhos dele, e eu o lia.

- E-eu... E-eu não... EU NÃO S-! – Antes que ele pudesse mentir, cortei-lhe a garganta sem arrancar-lhe a cabeça e deixei-o cair sobre seus joelhos, enquanto ele tentava inutilmente parar o sangramento absurdo com seus dedos.

Eu apenas olhei com um canto de olho e o vi engasgar e cair em meio a poça sua vermelha e de seus amigos.

Naquele momento, depois de muito tempo senti... Senti um misto de alegria com... Tesão. Isso mesmo, fiquei excitado, sorri, ofeguei. Era delicioso.

Queria ter podido massacrá-los mais, mas então, ouvia sirenes, por mais surreal que fosse naquele lugar àquela hora do jeito que costumava ser, mas... Resolvi ir embora pra evitar quaisquer outros problemas.

- - -

- O que gostaria de fazer, sr.? – Disse uma mulher de terno feminino atrás de um balcão de um grande prédio empresarial famoso.

- Eu sou investidor... Estou aqui para fazer negócio com seu chefe. – E então, abri para ela uma maleta... Sua expressão era de um misto de surpresa com ganância pura. Sim, notas, muitas, notas de dinheiro verdes e vivas.

- S-sim! Irei avisá-lo agora mesmo! – Disse ela, simples assim. – Chefe, há um investidor aqui, ele... Ele tem uma incrível proposta, uma quantia realmente exorbitante, er... Ele quer conversar com o sr.! Posso permitir que ele suba? Ah... Aham! Sim! Claro! Tudo bem! Aham! Sim, senhor!

Pelo seu sorriso ao desligar, eu já sabia, o resultado era positivo.

- Pode subir! Fique à vontade, sim!? – Disse ela, super animada. Como se ela fosse ver alguma quantia daquele dinheiro, pobre coitada.

As pessoas eram tão ridículas. Elas e suas notas sem valor. O dinheiro comprava mentes e almas, as pessoas enganavam pessoas por dinheiro... Enganar apenas não. Matar e violar, também. Engoli seco, pesaroso. Dinheiro imundo. Qual era o verdadeiro valor dele quando o fio da navalha atravessava a carne? Éramos um saco de carne-moída, massa e ossos. Não prestávamos nem para ocupar espaço decentemente. Somos todos uns fodidos e... O dinheiro é a pior das armas, ou talvez, o pior dos criminosos.

Subi até o último andar que fui informado – mas já sabia, e então, adentrei um escritório-master, incrivelmente grande. Lá estava ele sentado, dobrando as pernas em uma cadeira incrivelmente cara, que devia custar mais que minha roupa inteira (apesar de estar de terno e gravata sob o sobretudo, era um de segunda mão... Eu não ia me importar com uma roupa que logo logo, estaria acabada). Seu sorriso era brilhante e confiante, seu cabelo engomado loiro puxado todo pra trás, seus olhos claros, sua cara esticada – fizera plástica – mais parecia tirada de um comercial estúpido.

- Bem-vindo a minha “humilde”... Hahaha! A minha afamada empresa! A que devo sua visita? – E então, seu olhar mudou.

Rapidamente, ele sacou uma pistola debaixo da mesa e apontou pra mim.

- Acha que eu não lembro da sua cara de palerma? – Ele disse, mas eu continuei com a mesma expressão impassível. – Eu lembro sim... Lembro da porra toda. Não consigo esquecer. Foi...

Seu sorriso ficou psicopata.

- Foi a melhor noite da minha vida! HAHAHAHAAHAHAHA!

Meus dentes cerraram por trás da boca fechada, ele não viu. Apenas o movimento dos maxilares marcando meu rosto. E então, o vi mover o dedo para puxar o gatilho, nessa hora, me protegi com a maleta que foi furada bem no meio, junto com suas notas podres. Larguei a mala no ar, no momento que ocorreu, girei no chão e puxei a espada ao mesmo tempo, quando ele foi ver, eu já estava de joelhos sobre a mesa...

A minha lâmina estava no meio daquela cabeça engomada dele e seu olhar era vesgo de espanto e dor. Seu sorriso enorme, escancarado, estampado de um jeito inexplicável. O sangue escorreu pelo meio e entrou pelo seu nariz.

- E-eu... Eu estou com a cabeça... Trans... – Ele cuspiu sangue. – Transpassada gurh... O que... E-eu vou mo... Eu vou mor-!?

Daí eu virei a lâmina pro lado e seus olhos ficaram completamente brancos, sua boca vomitou mais sangue e mais escuro. Deixei a carcaça escorrer pra fora do fio, até seu corpo riquinho de terno importado encharcado de sangue – como o meu – cair sobre a cadeira de escritório milionária.

O dinheiro era falso, as intenções não eram.

Fui até a sacada, abri a janela, e então, me joguei... Por trás da primeira camada de dinheiro, uma mochila-para-quédas. Não tinha mais problemas para fugir.

- - -

Uma mulher voluptuosa, curvilínea e deliciosa, apenas de espartilho, calcinha e cinta-liga, dançava para mim. Seus seios quase tocavam minha face inexpressiva. Sentava-se de repente no meu colo, roçava um pouco e levantava-se.

Nada acontecia com o meu corpo. Aquilo não me excitava.

Parecia que agora, apenas o sangue e as tripas... As vísceras à mostra faziam alguma coisa acontecer comigo.

- Está bom pra você? – Ela disse, irritada. Havia percebido minha impassividade.

- Entenda, eu não sou um covarde. – Eu disse, ela me olhou confusa, sem entender.

- Olha, eu não sei do que você está falando! Mas até onde percebi, você tem um sério problema de impotência! Eu sou a stripper mais famosa e cara desse cabaré! – Ela disse, e então, antes que pudesse continuar, levantei-me absurdamente rápido, pegando-a pelos pulsos e prendendo-os cruzados atrás dela. Apenas uma mão os segurou, enquanto com a outra, segurei a espada que logo encostei de leve em seu pescoço. Virei-a para frente e era assim que se fazia uma refém.

Saí do quarto onde ela dançara pra mim durante uma hora mais ou menos, e então, encontrei com todas as outras e os outros panacas as vendo dançar enquanto sonhavam em comê-las. Todos arregalaram os olhos e ficaram horrorizados. Os seguranças viram, sibilaram pegarem suas armas, mas... Nenhum deles teve coragem. Ela estava em minhas mãos e sua cabeça rolaria se eles tentassem.

- Onde está o dono dessa espelunca? – Eu disse, calma e seriamente.

- O Sr... – Disse um dos seguranças, receoso. – Ele não está hoje.

- Está mentindo. Ele não está em casa e seu carro está aqui. Eu confirmei. – Eu disse, simplesmente. Tinha certeza do que estava dizendo.

Eles gelaram. Eu era como um gato. Já tinha planejado meu ataque bem antes de cumprí-lo, então, ele surgiu no meio do palco, como um rockstar ou coisa parecia. Era uma figura nojenta. Pêlos crespos no peito saltando pra fora do terno colorido cheio de glitter ou coisa do tipo, sapatos de jacaré dos mais feios, nenhuma cor combinava com coisa alguma, seu cabelo era mais um topete negro cheio de gel, seu bigodão não combinava com nada também – mas ele era todo assim mesmo, e óculos gigantescos que deviam ser bem caros estampavam a cara da figura estúpida.

- Cheguei, amigo! Pode abaixar essa lâmina que ninguém quer se ferir, não é mesmo? – Eu não respondi e não abaixei a espada. – Amigo... Tenho certeza que não quer machucá-la, não é mesmo? Afinal, o seu problema é comigo, não é? Então... Que tal?

- Mande todos seguranças saírem por trás... – Ele me interrompeu com seu papo-furado.

- Que isso, amigo, deixe disso, deixe...? – Eu o interrompi também.

- FAÇA ISSO AGORA OU SUA ROUPA COLORIDA VAI FICAR VERMELHA COM O SANGUE DELA! – Senti o corpo dela tremer em minhas mãos.

 E então, sem muito poder pensar, ele fez um movimento leve com a cabeça e então, os seguranças, muito preocupados foram se retirando devagar. E enfim, ficamos sozinhos... Os clientes babões, as outras meninas, a minha refém, eu e aquele vigarista.

- Certo, amigo, já estamos sozinhos... Agora, por favor, deixe-a ir, sim? – Eu não era idiota.

- Mande os clientes irem agora. – Eu sei que se eles fossem, chamariam a polícia, mas quem liga?

- Se eles forem, vão chamar a polícia, você sabe... – Disse ele, complementando o que eu já pensava de sua mente tacanha.

- Não me importo, mande irem. – E então, sem escolhas, com uma gotícula de suor escorrendo por sua testa, ele fez o movimento com a cabeça de novo, e estranhamente, como comparsas, os clientes foram. Muitos eram seguranças disfarçados, os que não eram, seguiram os seguranças.

E enfim, sós. Eu, ele, a refém e as garotas.

- Vai querer que eu mande as strippers embora também? – Disse ele, com um sorriso vitorioso que não me agradou.

- Não precisa, elas estão semi-nuas. Dá pra ver que estão desarmadas... aparentemente. – E então, joguei rapidamente a garota no chão e já me preparei.

De lugares inimagináveis, saíram outros seguranças escondidos com suas armas, alguns até com rifles, atirando sem parar. Nesse momento, eu tinha acessado novamente...

O toque do demônio.

Corri tão rápido como uma sombra por debaixo das mesas do estabelecimento, tudo até o palco e saltei. Foi rápido e voraz. Quando vi, eu já estava embaixo das mesas do outro lado do palco que atravessava o lugar. E então, uma cabeça voava para o meio do tiroteio, virando uma peneira de carne.

Quando os sujeitos perceberam a situação, pararam por um instante. Notando o que ocorrera, foi muito simples continuar. Agarrei uma garota, coitada, não teve culpa, e fui correndo matando o que vinha em meu caminho. Os outros, tentavam me atirar, mas acertavam ela. Fatiei um, dois, três, quatro, cinco... No total foram mais ou menos, oito. E terminei antes dos outros voltarem.

Meu corpo banhado de sangue. Era tanto sangue que... Quase me lembrou daquele dia. Mas não... Aquele dia não me dava excitação, não. Aquele dia me dava cólera. E cólera não tinha nada a ver com o que eu sentia agora. Antes de sair, exatamente pela porta da frente, olhei pra trás. A única coisa branca em mim eram os meus olhos e meus dentes, os guardas olharam pra mim e ficaram tão assustados com o que viram que... Nem conseguiram atirar no mesmo minuto. Eu assustei eles.

Eu fiz suas almas mijarem nas calças.

- - -

Eu estava deitado em uma cama de casal. Seu corpo próximo ao meu. Eu a abraçava. Seu cheiro era delicioso. Um perfume o qual ela sempre carregava consigo, mas eu nunca me lembrava o nome. Cheirei sua nuca e então a beijei, no mesmo momento, aquilo mexeu com o meu corpo. Ela sorriu, não estava mais dormindo.

 - Se eu acordar todos os dias assim, vou querer ficar com você pra sempre. – Ela disse, com sua voz que ficava mais rouca, porém mais sexy de manhã.

- Essa é a ideia. – Respondi, sorrindo também.

Ela se virou, e então, eu a tomei os lábios, fazendo carinho em seu rosto, e depois, em sua nuca. Suas pernas se enroscaram nas minhas e seus seios se aninharam no meu peito. Nós dois nus, fizemos amor àquela manhã.

E o que eu sentia era leveza... calmaria... paz... uma sensação agradável e... amor.

O mais puro amor.

...

E não era o que eu sentia agora, com ela parada ali na minha frente com um sorriso confiante e sádico. Ao seu lado, dois homens, os dois com armas potentes apontadas em minha direção.

- Olá, Jared. Eu achei que... Não fosse te ver nunca mais, sabia? – Ela disse, sorrindo.

Meus olhos finalmente tinham cor de novo, mas não era uma cor agradável. Meus dentes cerravam-se agora, visivelmente. Finalmente, havia recuperado meus sentimentos, mas... Nenhum deles era bom. Todos eles foram trocados por... Sentimentos de incredulidade e principalmente ódio. Ódio puro concentrado.

- Eu... Achei que... Eu achei que você tinha morrido. – Eu disse, e então, olhava pra trás como se quisesse procurar alguma coisa que não estava ali. – Eu vi seu corpo... Despedaçado. Vi seu sangue. Eu... Estava banhado nele também. Aliás, o quarto todo. Eu ouvi seus gritos. Eu ouvi seus berros de terror enquanto eles te batiam e te estupravam, então... Como que...?

- Aquela não era eu. – Ela disse, confiantemente. Mas não era possível. Como assim não era ela!? Ela idêntica a ela! Tinha o sorriso dela! Tinha...! – Era minha irmã gêmea. Eu... Sabia que você não a conhecia, então, era perfeito. Eu só fiz ela te encontrar no dia em que ela seria morta, então, nem você, nem ela suspeitavam de nada. Vocês não tiveram tempo nem ao menos de conversar, eu já tinha planejado bem... Foi tudo bem rápido e limpo, você sabe. Preferi uma espada para que fosse... Mais traumático para você.

Olhei para a cara dela mais incrédulo. Acho que minha íris mudou para a de um gato, naquele momento.

- Por que... Por que fez isso?

- Eu tinha certeza que você ia se matar ou ficar maluco, coisa do tipo. O que eu queria era... Que você se suicidasse. Você sabe, seu seguro, ele não cobre assassinato, por exemplo. Mas cobre acidentes e... Suicídio. Então... Que tal se eu pudesse fazer... Você ficar doido o suficiente para se matar, mas... Nunca, nunca me envolver de uma maneira ruim nisso? – E então, ela soltou um gritinho de excitação que mais lembrava aqueles que ela soltava quando tinha um profundo orgasmo quando fazíamos amor. – Oh! Imagina só, eu, com 20 e poucos anos, viúva de um figurão como você, feliz e contente, e... multi-milionária.

Sacudi a cabeça, negativamente. Não podia ser... Não era verdade. Não podia.

- Mas você fodeu a porra toda! – Ela disse, sacudindo a cabeça. Agora seus olhos eram de ódio. Não dava mais para comparar... Aquela mesma garota que eu conhecia e amava e beijava e fazia amor, não podia ser a mesma mulher insana e com sede de grana que estava ali agora, na minha frente, me decepcionando por inteiro. Aquela porcaria ali não servia nem como cinzas dentro de um vaso. Não tinha valor, não tinha porra nenhuma. – Você fodeu a porra toda quando resolveu se vingar ao invés de se matar! Você é mesmo um inútil, querido! Não serve nem mesmo pra deixar a sua mulherzinha aqui rica! Mas que merda... MATEM ESSE IMBECIL!

E quando ela disse isso, os caras começaram a atirar. Mandaram ver. Meu tronco fora todo esburacado... Só que não.

Eu caí no chão, estava com sangue, sim, mas eu usava um colete. Algumas balas acertaram costelas e as quebraram. Algumas feriram superficialmente, mas... Nenhuma delas perfurou, ultrapassou de fato, ou ficou alojada dentro do meu corpo.

Pelo visto... Eles não haviam notado, então... Todos os três se viraram e iam partir, inclusive ela, mas...

De repente, o toque do demônio voltou e mais transtornado do que nunca!!!

Saltei de um jeito anormal e cravei a espada na cabeça do primeiro, na vertical. O segundo se virou pra atirar, mas com força já arranquei a espada da cabeça do outro e dei mortais pro lado, escapando de todos seus tiros, anormalmente, e então, correndo em sua direção, vi o medo extremo em seus olhos por detrás de seus óculos escuros, enfiei-lhe a espada na garganta, saindo pelo seu olho, esburacando-o e empurrando-o para fora. Coloquei o pé em sua cara e forcei a espada pra ela sair, quando seu corpo caiu no chão. E então, só sobrara ela... Lá, parada, aparentemente desarmada, assustada, me olhando.

Ela sabia que eu não estaria feliz, obviamente. Novamente, ela tinha o plano perfeito, mas... O plano perfeito não era perfeito o suficiente.

- Querido... Er... Era... Era um incrível engano, eu... Você sabe que eu... Você me conhece, sabe que eu nunca faria isso. – De repente, seus olhos se tornaram mais bonitos. Sua face se tornara mais ingênua. Seu corpo voltou a parecer pequeno e delicado. Ela foi andando em minha direção, enquanto eu abaixava lentamente a lâmina da espada. E então, ela tocava meu rosto, e com um sorriso apaixonado e ao mesmo tempo, desesperado e amedrontado, seus olhos lacrimejavam e ela dizia.

- Você está louco, Jared! Eu não... Eu não planejei minha morte. Eu... Eu nunca morri! Eu não tenho uma irmã gêmea, e muito menos, tenho conchavo com a máfia! Eu nunca fiz isso, querido! Você... Você precisa tomar mais daqueles medicamentos, Jared. Você está me assustando. Por favor, por favor, abaixe essa espada! Quando compramos ela, você disse... Você disse que era só pra enfeitar, que era porque você adorava cultura japonesa, então... Por favor, querido, pare com esses assuntos doentes, isso nunca aconteceu, não invente isso! Eu amo v-...! – E então, em meio a cozinha de nossa casa, eu... Transpassei seu corpo com a katana.

Mais tarde a polícia chegara e me encontrara no canto do cômodo, deitado em posição fetal no chão, coberto de sangue, assim como a cozinha. O corpo de Lynda, minha mulher, em frangalhos, estampava o chão do recinto, assim como a espada caída no canto, tão suja quanto deveria estar. A polícia me algemou e me levou em seu carro.

- - -

- Como aconteceu o crime? – O repórter perguntou ao policial.

- O cara matou a mulher. Ele está transtornado, fica repetindo coisas como “máfia, assassinato arranjado, vingança e outras coisas”. O promotor irá tentar alegar insanidade e ele deve ir pra uma instituição psiquiatra.


FIM.

2 comentários:

iLoklu disse...

AArK, coloca data nos posts, por favor? :C

AArK Cianwood disse...

Why? D: Gosto tanto assim, fica mais clean