Eu (Morte)


Você me usa como capa pro seu corpo
O computador tá desligado, que horas são? Vou pro supermercado
Ninguém entende nada, ninguém entende nada, mas gosta de falar
Tira mente, bota mente, tenta colocar a cabeça no lugar
Tenta fazer a alma funcionar
Eu tô cansada da sua cara, tudo nela me incomoda
Tem alguma coisa errada, fecha a porta, fecha a porta
As janelas da cabeça e os olhos são a alma, 
você afasta a minha calma, afasta a minha...
Me deixe socar tudo o que torna você
Essa coisa que eu não consigo
e não quero entender
Você me usa como remédio pro enjôo
A corda e o telefone, acorda um outro nome
Eu não conheço ninguém, eu não conheço você
Eu não posso mais ver
Cigarros e panelas e espelho e tevê
Não são as coisas que, as coisas que formam você
Você tem que esquecer, eu preciso esquecer
Um, dois, três desenganos que me levam a você
Levanta da cama e lava a cara
A tristeza não falha, a tristeza, me valha
Escola, trabalho, trabalho e bar
Tem sempre outro lugar pra poder visitar
Seguindo a ordem das coisas,
a lei dessa vida
Aceitando sofrimento, aceitando a batida
Escola, trabalho, também o cemitério
Seguindo uma ordem, direto pro necrotério
Mais uma bala perdida, mais uma criança faminta
Mais uma cabeça fodida, sem mais nada na vida
Morte

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